12.6.09

Ao acaso













Viver é um gigantesco exercício casuístico... Veja se não; são centenas de milhares de probabilidades que se concretizam para formar esta realidade na qual você se encontra nesse exato momento. As determinações aleatórias que somadas resultam nas mais diversas situações, é um exercício de variantes que já começa bem cedo. Digamos que na sua própria concepção. Determinado espermatozóide que levava determinada carga genética do seu pai, encontra-se com determinado óvulo de sua mãe. E se fosse outro espermatozóide? Ou então outro óvulo? Essa junção certamente não iria resultar nesse serzinho tão fofucho e simpático que é você, caro leitor.
E é assim que agente segue por toda a vida. Um tropeço, um atraso, uma festa, uma palavra certa, uma sensação errada e tudo a qualquer momento pode influir e alterar os rumos de sua vida ou pode até mesmo decretar o seu término.
E querendo ou não, é dessa necessidade de influencias casuísticas que nós vivemos. Podem ser boas ou ruins, essas interferências adversas nos tiram da rotina, nos sacam daquela monotonia e geram em nós, as mais diversas emoções. E como diria Roberto Carlos, “o importante é que emoções eu vivi”... Sim, porque somos na essência, seres emófagos. Necessitamos de comida para a nossa subsistência física; e necessitamos muito mais do acaso para a subsistência mental.
Um dos casos mais incríveis que conheço, é a história do jardineiro Bel-ibni. Existia na Babilônia um ritual, no qual o rei determinava alguém para assumir seu cargo e aproveitar as benesses de rei por um dia. Ao término deste dia, o pseudo sortudo seria sacrificado (que tal o Big Brother adotar este método hein?). Pois no dia em questão, o rei Irra-mitti olhou pela janela de seu palácio e observou o jardineiro Bel-ibni que la estava naquela malemocência característica dos jardineiros, fazendo um indefectível corpinho mole. Não deu outra, o rei determinou que Bel-ibni seria seu substituto naquele dia e ao término do período, seria sacrificado conforme manda o ritual. O jardineiro assumiu seu novo posto e o rei licenciado foi tomar seu café suntuoso da manhã. O acaso foi então implacável... Irra-mitti engasgou-se com mingau quente, e morreu naquele dia deixando no cargo o jardineiro que permaneceu no poder até o final de sua vida.
E assim como este caso de Irra-mitti, sempre que uma grande catástrofe acontece, pipocam casos de pessoas que se salvaram devido a interferência do acaso. É claro que existe uma certa ordem, nesse caos de probabilidades. É quando aplicamos a lógica com as suas diversas leis para mesurar um infinidade de probabilidades: Leis da física, da química da matemática; e que vez por outra acabam tendo que ceder a exceções casuísticas também... Exceções casuísticas que na engenharia calcula-se pelo CG (Coeficiente de Cagasso). Ou seja, trabalha-se sempre com uma margem de erro provável para casos extraordinários.
Portanto a nossa vida, por mais bem planejada e controlada que pareça ser, pode a qualquer momento sofrer uma reviravolta do que os racionalistas odeiam classificar como destino. Você se prepara para ter determinada profissão, para casar-se com determinada pessoa, para morar em determinada cidade mas o resultado pode se distanciar e muito das suas aspirações o que acaba frustrando as pessoas imensamente. Ou seja, não planeje muito, calcule uma margem ao erro, você pode até direcionar sua vida para determinado curso, mas os ventos vêm, e sempre nos desviam da rota.

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