
Francamente...
Vai me dizer que na sua santa ingenuidade, você acha que a mentira é um dos sete pecados capitais?
Pois recapitulemos:
1- Ira, 2- Inveja, 3- Gula, 4- Soberba, 5- Luxúria, 6-Avareza, 7- Preguiça.
Ei! Notem que não têm mentira! Mas será mesmo que Deus esqueceu de condenar a mentira, sob pena de uma fulminação sumária por raios celestes? Ou será que a mentira, realmente anda liberada como tão bem acreditam nossos políticos? Porque será, que comer 5 quindins é pecado capital; mas dizer que foi o gato que quebrou o vaso da sala que você chutou ontem a noite quando entrou bêbado em casa, não é?
A resposta talvez seja porque todos os sete pecados possuem uma característica comum. São todos pecados de excesso. Excesso de raiva, excesso de vaidade, de inércia de pão durisse... Como a mentira seria um excesso, se ela representa justamente a falta ou omissão da verdade? A mentira não é condenada com esta severidade mortal, por ser, como diz Theodore Adorno, um erro de sinceridade. "Quem mente envergonha-se, porque em cada mentira deve experimentar o indigno da organização do mundo, que o obriga a mentir, se ele quiser viver...". Nesta ótica, o mentiroso nada mais é que um sobrevivente. Aquele que possui plena consciência da realidade, e se utiliza deste mecanismo, um tanto controverso, para conseguir seus meios de subsistência.
Mas o que dizer do homem que ao invés de mentir para sobreviver, mente para conviver? Alguém que não têm a necessidade fisiológica de mentir, mas possui a necessidade psíquica de modelar e manipular os fatos, visando essencialmente o reconhecimento social? No caso, o que leva um indivíduo a cometer o ignóbil ato de mentir, é a frustração ou a incapacidade de lidar com seu devido lugar em nossa suntuosa pirâmide social. Numa cultura moderna, que pretere honra e reputação; adjetivos encontrados na origem de todo ser humano, para valorizar simplesmente a estética; a busca pela individualização humana certamente torna mais freqüente os desvios de caráter. E sendo assim, cada vez se mente mais, para se obter menos...
O fato é que nós precisamos da mentira, como também precisamos de oxigênio. Somos dependentes e tolerantes a ela, porque se as pessoas falassem 100% a verdade, o mundo seria uma gigantesca incongruência. Algo mais ou menos assim:
Bem vindo ao serviço de atendimento ao cliente. Nesse momento todos nossos DOIS atendentes estão tomando cafezinho. Por favor, aguarde indefinidamente. Sua ligação não é muito importante para nós.
Vai me dizer que você não ficaria muito mais furioso do que já fica? No mínimo desenvolveria uma úlcera nervosa na primeira semana...
Pois é, percebam que todas as coisas, assim como aquela sua tia solteirona, precisam de uma maquiagem para ser encaradas. Se a mentira omite uma real situação desesperadora, ela acaba por nos dar forças para mantermos uma réstia de esperança. Para quem gosta de frases definitivas; a mentira é a mãe da esperança. Ela é nada mais, nada menos, que a inaptidão humana de se lidar com o mundo como ele de fato se apresenta.
De tão vergonhosa, a mentira não merece nem mesmo a condenação divina...
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Peguena Crônica capturada no Youtube com o Título de:
Um dia de Modess na Vida de Um Homem
1 Comments:
Ta inovando Indio??
Legal o video...
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