Poesia Construtivista de um Torcedor de Futebol no Momento Máximo do Êxtase Alcançado no Hexacampenato Mundial
É pá
É pum
Ta lá
É GOOOOOOOL
Gêneses
Caminho, caminho e caminho pela cidade...
A chuva molha minha carcaça.
Meu resto de sanidade; deixei em um banco de praça.
Sigo um rastro de ardor, alcanço a morada dos ventos, aonde se escondem os lamentos trazidos pelo calor.
É numa rua deserta, pintada com cores cinza, onde mora um velho sujo, asqueroso e ranzinza.
Pras pessoas ele não passa de um pobre vagabundo...
Mal sabem que ele é o filtro de ódio do mundo.
Diz se chamar Indigente.
Parece um pirata maligno.
Sorri, um sorriso cínico e me alcança uma garrafa.
Hesito por um instante por mera formalidade, depois bebo com vontade, pra perder a consciência. Ele me pede:
- Paciência... Assim me seca a botija. Se quiser beber o mundo, que beba... Mas não se aflija.
Banzo, caio de boca, beijo o asfalto imundo. Perco os dentes da frente, e peço para o vagabundo:
- Não me ajuda, não me ajuda.
Até parece que ele entende...
Levanta-se com um gemido.
Sente uma pontada no rim.
Abre a braguilha da calça e mija em cima de mim:
- Pode ficar meu amigo. Agora, você esta pronto.
Caminha pra fora do beco, assoprando um assovio.
É pego logo na esquina por uma gangue juvenil.
Destroçam todo seu corpo e fogem fazendo algazarra.
Deitado no sangue do chão, sinto arder uma chaga.
Ei de permanecer no escuro, preenchendo a nova vaga.
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