Reflexo sem Ação

Dias insones, noites bem dormidas.
Despertar por mera formalidade.
Sorver o café bem doce, beijar a mulher amarga.
Ver a desgraça impressa em periódicos ao lado de ofertas tentadoras sem saber mais diferenciá-las.
No tormento laboral, disputar posições como se estivesse num páreo, executando tediosas funções com a mesma precisão de uma máquina.
Cumprir com satisfação este ritual cotidiano, perdendo a noção do tempo que passa, dos dias que não mais se diferenciam.
Liqüidificadores sem energia, carros sem gasolina, pessoas sem motivação.
Nada evolui, nada se movimenta.
Nada...
Apenas resiste no ser uma resignação tão angustiante quanto casquinha de pipoca grudada na língua.
E ao fim de outra jornada, atira-se na cama com a mesma determinação de um cadáver, nunca esquecendo é claro, de acertar o despertador para o dia seguinte pois afinal, sua importância é essencial.
Marcadores: Crônica
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