Como nascem os Super-Vilões

Estou me sentindo estranho...
Mais estranho até que uma couve-flor.
Minhas desconfianças começaram algumas semanas atrás, em um local comum fazendo uma coisa trivial.
Mais precisamente estava eu no supermercado, adquirindo minhas compras para passar o final de semana.
Na seção de carnes, enquanto escolhia um pedaço de coxão de dentro, avistei um casalzinho que empurrava despreocupadamente seu carrinho, atulhado de frutas, verduras e cereais. Conversavam entusiasticamente, sobre o estilo de vida de um tal monge budista chamado Thich Nhat Hanh, quando estacionaram o carrinho para escolher um pote de mel na seção natureba.
Caminhei furtivamente até o local, e depositei debaixo de um abacaxi, o tal coxão de dentro.
Segui o casal através dos corredores mercantis, até que finalmente, chegaram no caixa. Para minha surpresa, ao passar seus produtos pela esteira, o homem nem notou o indesejável pedaço de carne que acabou por comprar.
Cheguei em casa gargalhando, e contei para minha esposa o ocorrido. Rimos muito imaginando os dois vegetarianos desempacotando as compras em casa e descobrindo com horror aquele pedaço de fibras e músculos sangrentos em meio às hortaliças.
No outro dia, voltei ao supermercado. Já desta vez, com o intuito de ``caçar`` uma nova vítima.
Achei a vítima perfeita num distinto senhor, que transitava pelo local ostentando uma brilhante e gigantesca aliança no anular esquerdo. Ao se distrair na seção de vinhos, coloquei dentro do seu carrinho, uma lingerie preta tamanho ninfa tropical. Certamente aquilo traria desconfianças para qualquer esposa.
Mais uma vez, o produto passou despercebido pelo caixa, o que me leva a propor uma teoria psicanalítica que: as pessoas acreditam que suas compras, depois de entrarem no carrinho, estão envoltas em uma espécie de limbo intransponível.
Comecei então a passar tardes inteiras no supermercado, contribuindo com minha cota anárquica para este mundo. Cheguei a ponto de trocar o carrinho de uma atarracada senhora de idade, com o de uma jovem portadora de gigantescos seios. Me pus a imaginar qual produtos elas teriam em comum?
Pois minha estranheza chegou agora a beira da obsessão. Passo dias inteiros vagando pelos supermercados, depositando produtos em meio às compras de outras pessoas.
E você, tome cuidado...
Pois quando menos esperar, aquele produto que pode arruinar sua vida estará no saquinho plástico que você levará para dentro do conforto de seu lar.
Hua hua hua hua hua (risada maligna)!!Marcadores: Crônica
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